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Auditores querem fortalecer imagem

Classe pretende encomendar pesquisa para saber como a profissão é percebida.

Fonte: Valor EconômicoTags: auditoria

Nelson Niero

Os auditores vão encomendar uma pesquisa para saber qual é a imagem pública da profissão, responsável, entre outras coisas, pela checagem das demonstrações financeiras das companhias com ações em bolsa.

A sondagem, ainda sem data definida, é parte de um plano de fortalecimento do segmento, que está sendo elaborado pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), que representa contadores e empresas que prestam serviços de auditoria. A entidade tem 2 mil associados.

Para ser auditor, o contador precisa fazer um exame de qualificação técnica do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). "A pesquisa é o primeiro passo de um projeto que envolve ações em várias direções", afirma Ana María Elorrieta, presidente do Ibracon desde janeiro. "Queremos ter mais presença em discussões técnicas e não tão técnicas."

O Ibracon, criado em dezembro de 1971, é uma referência em questões de contabilidade de empresas abertas, com forte atuação no desenvolvimento das normas que regem a divulgação de informações financeiras. No entanto, seus integrantes sempre se ressentiram da falta de representatividade política, principalmente em épocas de crise para a profissão, como nos escândalos envolvendo grandes empresas.

A crise de identidade se reflete nas mudanças do instituto. Em 1982, o nome foi alterado para Instituto Brasileiro de Contadores para atrair todos os profissionais, e não só a chamada "elite". Mais tarde, voltou a focar nos auditores, mas manteve a sigla. Há três anos, no entanto, resolveu reformar o estatuto e criar um conselho de administração para cuidar do planejamento estratégico. O primeiro conselho tomou posse neste ano.

"O auditor sempre foi muito fechado", reconhece Ana María. "A profissão precisa ser mais conhecida, ter mais representação política-institucional."

Uma das grandes preocupações do setor sempre foi ser o elo fraco na cadeia de proteção ao investidor que envolve bancos e companhias de capital aberto. No escândalo da empresa de energia americana Enron, não foram os bancos de investimentos ou os escritórios de advocacia que quebraram, mas a Arthur Andersen, até então uma das mais respeitadas firmas de auditoria do mundo.

É comum o auditor ser acusado em casos de fraudes empresariais, já que poucos entendem o escopo de seu trabalho, que não inclui investigação policial.

Ana María, que é sócia da PricewaterhouseCoopers, a maior firma do setor no mundo, acha que o "momento especial" pelo qual passa o país - que inclui o interesse crescente de investidores e a convergência às normas internacionais de contabilidade - abre espaço para mostrar "a relevância do trabalho do auditor".

Como parte da estratégia, Ana María e representantes das maiores firmas do setor estiveram reunidos com Nelson Machado, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, "para trocar ideias".

Antes da reunião dos países do G-20, para a qual estavam previstas discussões que envolveriam temas contábeis, como "valor justo" nos balanços dos bancos, Ana María mandou uma carta para os Ministérios da Fazenda e das Relações Exteriores colocando o Ibracon à disposição. "Não tivemos resposta, mas são canais que queremos desenvolver."

 

SEC adia regra para pequenas empresas

Jesse Westbrook

A Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos) dará prazo até 2010 para as pequenas empresas se adequarem aos termos da lei Sarbanes-Oxley que exigem uma avaliação de auditores atestando que possuem controles apropriados para evitar balanços financeiros inexatos.

Em comunicado divulgado na sexta-feira, a SEC informou que as empresas com valor inferior a US$ 75 milhões em ações em circulação precisam aderir à regra de auditoria até junho.

De início, as pequenas empresas estavam obrigadas a começar a seguir a exigência até o fim deste ano. "Não haverá mais adiamentos", afirmou a presidente da SEC, Mary Schapiro.

O Congresso dos Estados Unidos aprovou a lei Sarbanes-Oxley em 2002, depois de fraudes contábeis nas empresas de energia Enron e telefonia WorldCom terem custado bilhões de dólares aos investidores e corroído a confiança no mercado de capitais do país. As fraudes também levaram à quebra da empresa de auditoria e consultoria Arthur Andersen, uma das maiores do mundo.

Pela lei, as companhias precisam analisar se possuem controles para detectar fraudes e erros contábeis. Esses controles também precisam ser avaliados por um auditor externo.

A SEC havia dispensado as empresas de menor porte dessas exigências, depois de parlamentares terem reclamado que os pequenos empresários não teriam condições de arcar com os custos para cumpri-la.

O órgão destacou que começará a exigir essas avaliações das pequenas empresas em seus balanços financeiros a partir de 15 de junho.

Este último adiamento foi aprovado para que os economistas da SEC tenham tempo de completar um estudo sobre os custos de cumprimento da lei pelas empresas.

A SEC vem tentando encontrar um caminho médio entre os grupos de empresários que argumentam a favor da isenção total para as pequenas empresas em relação a essas regras e os investidores, que defendem o cumprimento da lei por todas as companhias.

Luis Aguilar, comissário do regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, afirmou que as decisões de adiamento nos últimos sete anos deixaram as pequenas empresas do país e os investidores incertos sobre se os requerimentos dos controles dos balanços financeiros alguma vez seriam realmente exigidos dessas companhias.

"Pela primeira vez, a comissão está resolvendo essa incerteza", disse Luiz Aguilar, do partido Democrata. "Alio-me à presidente Mary Schapiro [da Securities and Exchange Commission, SEC] para assegurar aos investidores que não haverá mais adiamentos", afirmou.

 

Terco Grant Thornton nega que esteja à venda

O presidente da Terco Grant Thornton enviou uma mensagem aos funcionários na quinta-feira negando os boatos sobre uma negociação para a venda da firma de auditoria e consultoria. Os comentários no setor eram de que uma concorrente de maior porte estaria interessada na compra da Terco.

No comunicado, ao qual o Valor teve acesso, Mauro Terepins diz que "são improcedentes as informações de que a empresa estaria sendo negociada. Nosso objetivo é continuar sempre buscando diferentes formas de expansão para o crescimento da empresa e dos nossos colaboradores. Por isso, além da busca permanente por novos negócios, continuaremos apostando no desenvolvimento profissional dos nossos auditores e consultores". O texto, que circulou com uma versão em inglês, termina com uma exortação: "Vamos em frente!"

A Terco teve crescimento acelerado nos últimos anos. Em 2004, uniu-se à rede internacional Grant Thornton e aproveitou a onda de aberturas de capital para crescer no mercado de auditoria de companhias de capital aberto, uma área nobre para o setor.

No primeiro trimestre, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Terco auditava os balanços de 29 empresas com ações negociadas na Bovespa, de um total de 542. No fim de 2004, eram quatro.

Em entrevista ao Valor, em junho deste ano, Terepins afirmava que a Terco Grant Thornton está numa situação favorável para disputar mercado com as chamadas "Big Four" do setor de auditoria - PricewaterhouseCoopers, Deloitte, Ernst & Young e KPMG.

No ranking da CVM, único dado disponível sobre o setor, a firma saiu da 12ª posição para a 6ª, mas ainda muito atrás da 5ª colocada, a Ernst & Young, que tinha 60 empresas. A compra da carteira da Terco, no entanto, ajudaria qualquer um dos seus concorrentes mais próximos a dar um salto significativo, levando em conta também que as companhias abertas são apenas uma pequena fração do mercado de auditoria e consultoria.

A Terco fechou o ano fiscal terminado em julho com faturamento perto de R$ 110 milhões, 650 funcionários e cerca de 1,3 mil clientes, 500 de pequeno e médio portes, segundo Terepins.

A empresa é concorrente direto da BDO (ex-BDO Trevisan), também uma rede internacional. As duas lideram o chamado "segundo bloco" do setor. (NN)

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